Recuperação da BRF vai levar pelo menos 2 anos, diz CEO
November 13 2018 - 7:40AM
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Os investidores não verão os resultados da mudança na
BRF (BOV:BRFS3), maior exportadora de aves do
mundo, no curto prazo, disse o presidente-executivo da companhia,
Pedro Parente, à Reuters na segunda-feira.
“Realisticamente, isso não acontecerá em menos de dois anos”,
disse Parente em uma entrevista em Nova York, acrescentando que um
de seus maiores desafios como CEO é “gerenciar as expectativas dos
investidores”.
Parente deixou seu cargo de presidente-executivo da estatal
Petrobras para elaborar e implementar um plano de recuperação na
BRF depois escândalos de corrupção e de segurança alimentar
corroeram as vendas da empresa.
Em abril, Parente foi nomeado presidente do conselho de
administração da empresa, antes de assumir o papel adicional de
presidente-executivo. Ele deve deixar o cargo executivo em meados
de 2019 e ser substituído pelo vice-presidente de Operações,
Lorival Luz.
A administração da empresa disse publicamente que espera que as
margens parem de cair no próximo ano e atinjam sua média histórica,
estimada em dois dígitos baixos, em 2020. Somente em 2021 as
margens podem subir acima desse nível, disseram executivos da
empresa.
Em abril, as ações da BRF atingiram o nível mais baixo desde
dezembro de 2009. Desde então já subiram 10%, mas ainda acumulam
queda de cerca de 45 até agora em 2018.
“Não estou usando atalhos e não estou interessado em mostrar
bons números trimestrais se eles não forem sustentáveis”, disse
Parente. Parente e Luz disseram que esperam reduzir os custos
industriais em 30% em um processo previsto para levar cerca de um
ano.
A chave para a recuperação será o mercado interno brasileiro,
que deve ser a espinha dorsal para a sustentação de operações
lucrativas da empresa, disse Parente. Um segmento importante é o
serviço de alimentação, onde a BRF vem perdendo participação de
mercado depois que a ex-direitoria demitiu a maior parte de sua
equipe de vendas em um esforço de redução de custos.
Foco na demanda
Parente disse que a relação da dívida/Ebitda (lucro antes dos
juros, impostos, depreciação e amortização) era de 6,7 vezes, e a
meta é baixá-la para 3 vezes até o final de 2019.
Depois que a empresa reduzir sua alavancagem para os níveis
desejados, provavelmente voltará a se expandir, principalmente no
Oriente Médio e na Ásia, acrescentou Parente. A empresa pretende
construir uma unidade de produção na Arábia Saudita para atender
aos novos requisitos de conteúdo local no país.
Nesse meio tempo, a BRF está vendendo ativos na Europa,
Tailândia e Argentina.
Parente e Luz disseram que as negociações estão indo bem, com as
operações europeias e tailandesas provavelmente indo para o mesmo
comprador, já que a maior parte da produção na Tailândia é
exportada para a Europa. Cinco interessados devem entregar
propostas vinculantes para os ativos, disseram eles.
Na Argentina, a BRF está considerando propostas na primeira fase
da venda de compradores interessados em todo o negócio e outras
que buscam partes dele, para decidir qual é a melhor alternativa,
disse Luz.
A BRF espera levantar R$ 3 bilhões com a venda das unidades,
parte dos R$ 5 bilhões que pretende arrecadar para pagar dívida. Os
restantes 2 bilhões de reais virão da venda de um fundo de
recebíveis, imóveis e redução de estoque.
O estoque ideal da BRF deve ficar em torno de 40 mil toneladas
de produtos, mas depois que a União Europeia bloqueou as
importações de 12 de suas plantas, chegou a 140 mil toneladas,
disse Luz. A empresa vem reduzindo o estoque, que agora está perto
de 85 mil toneladas, acrescentou.
Por Reuters
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