A M. Dias Branco, líder nos mercados de
biscoitos e massas do Brasil, registrou lucro
líquido de R$ 151,1 milhões no quarto trimestre de 2021, o
que representa um recuo de 27,7% em relação ao mesmo trimestre de
2020.
Segundo a companhia, o desempenho foi impactado negativamente
pela queda do Ebitda excluindo os efeitos não recorrentes e do
impacto da elevação do CDI e IPCA no custo da dívida.
“Outro fator que influenciou a queda do lucro líquido foi o
reconhecimento, em 2021, de resultados não recorrentes positivos
inferiores aos montantes reconhecidos em 2020: R$ 166,5 milhões
versus R$ 418,8 milhões, respectivamente, fruto de menor
reconhecimento e atualizações monetárias de créditos
extemporâneos”, justificou a empresa.
A receita líquida somou R$ 2,164 bilhões entre
outubro e dezembro do ano passado, alta de 27,2% na comparação com
igual etapa de 2020, fruto predominantemente do aumento de dois
dígitos dos preços médios.
O Ebitda – lucro antes de juros,
impostos, depreciação e amortização – ficou 4,9% menor,
somando R$ 182,7 milhões. O indicador chegou a R$ 683,9 milhões no
consolidado de 2021, 29,8% a menos do que em 2020. Já a margem
Ebitda ajustado atingiu 8,4% no período, baixa de 2,9 p.p. frente a
margem registrada em 4T20.
A empresa explica que a “redução foi resultado da alta das
commodities em dólares americanos e de créditos tributários não
recorrentes que impactaram positivamente os resultados de
2020”.
Sobre o Ebitda, a M. Dias pontuou que a retração no ano passado
se deu pelo impacto do aumento do preço das commodities em dólar,
da desvalorização do real, da queda dos volumes vendidos e dos
efeitos não recorrentes que afetaram o resultado de forma positiva
em 2020. Conforme a empresa, a alta do trigo acumulada no ano foi
de 23,1% (considerando os preços médios em dólar pagos pela M. Dias
Branco) e do óleo de palma, 49,2%.
Para compensar a alta das matérias-primas, a empresa buscou
reduzir despesas com vendas e administrativas, que representaram
21% da receita líquida em 2021, abaixo dos 24,3% apurados em 2020.
No quarto trimestre, as despesas com vendas ficaram em 16,8% da
receita líquida, ante 21,7% um ano antes, e as despesas
administrativas recuaram para 2,7% da receita líquida, ante 3,6% no
quarto trimestre de 2020.
O incremento na receita líquida em todo o ano e no quarto
trimestre foi atribuído, predominantemente, ao aumento de dois
dígitos dos preços médios dos produtos. Em 2021, o preço médio foi
de R$ 4,6 por quilo, 26% acima dos R$ 3,7/quilo de 2020. No quarto
trimestre, o preço médio foi de R$ 4,9/quilo, ante R$ 4,1 no
intervalo correspondente de 2020.
O volume de vendas total atingiu 439,9 mil toneladas no 4T21,
incremento de 5,8% sobre as vendas registradas no 4T20.
O aumento dos preços também custou à companhia perda de market
share ao longo de 2021, mas no fim do ano já se observou
recuperação. Em biscoitos, a empresa teve participação de 32,8% de
mercado no quarto trimestre, ante 31,2% no terceiro e 32,9% no
quarto trimestre de 2020. Em massas, a M. Dias Branco atingiu 30%
de market share no quarto trimestre, ante 29,5% no terceiro
trimestre e 32,5% no quarto trimestre do ano anterior.
A dívida líquida da companhia ficou em R$ 140,4 milhões no final
de dezembro de 2021, uma redução de 60% em relação ao mesmo período
de 2020.
O indicador de alavancagem financeira, medido pela dívida
líquida/Ebitda ajustado, ficou em -0,2 vez em dezembro/21, contra
-0,4 vez do mesmo período de 2020.
O capex totalizou R$ 72,7 milhões no último trimestre do ano, um
avanço de 9,7% sobre os investimentos realizados em igual etapa de
2020. No ano, os investimentos totalizaram R$ 208,1 milhões em 2021
(-6,2% vs. 2020), com destaque para aquisição de equipamentos para
as unidades em Bento Gonçalves (RS), Fábrica Fortaleza (CE) e São
Caetano do Sul (SP); adequações em CDs no Rio de Janeiro (RJ) para
armazenamento de insumos e embalagens; e sistemas para
gerenciamento da produção e segurança da informação na unidade
Fábrica Fortaleza (CE).
Os resultados da M.Dias
Branco (BOV:MDIA3) referentes às suas
operações do quarto trimestre de 2021 foram divulgados no dia
21/03/2022. Confira o Press release na
íntegra!
Teleconferência
A M. Dias Branco mantém a intenção de realizar fusões e
aquisições (M&A, na sigla em inglês), afirmou o vice-presidente
de Investimentos e Controladoria da empresa, Gustavo Theodozio,
nesta segunda-feira, 21. “Não temos nada transformacional no radar,
mas temos coisas importantes que mostram a nova direção da M. Dias
para maior margem, novas categorias, então acho que podemos esperar
movimentos inorgânicos”, disse o executivo, durante teleconferência
com analistas e investidores.
Para Theodozio, a crise atual pode fazer com que surjam negócios
que não estavam nos planos da companhia. “Estamos em constantes
conversas com bancos de investimento do Brasil e fora, acompanhando
de perto o mercado e as oportunidades.”
O executivo lembrou ainda que, apesar da alta de custos, a
companhia conseguiu reduzir a alavancagem ano a ano e conseguiu
fazer distribuição extraordinária de Juros sobre o Capital Próprio
(JCP). “Nosso caixa continua super robusto”, disse.
Desabastecimento
A M. Dias Branco informou que não corre perigo de
desabastecimento agora, apesar da guerra entre Rússia e Ucrânia,
dois grandes produtores de trigo. “Não enxergamos esse risco”,
disse Theodozio. “Continuamos tendo acesso a vários volumes para
agora e futuros. Não passou a fazer parte da nossa agenda, não
contamos com isso.”
O diretor de Novos Negócios e Relações com Investidores da M.
Dias Branco, Fabio Cefaly, afirmou que a companhia não compra trigo
nem da Rússia e nem da Ucrânia, e que as maiores origens da
companhia são Argentina, Brasil, Estados Unidos e Canadá. “Além
disso, a M. Dias tradicionalmente tem quatro meses de estoque, o
que dá flexibilidade de olhar a situação com tranquilidade para
tomar medidas adequadas no momento certo”, disse.
Quanto aos custos, Cefaly lembrou que, apesar da forte
valorização do trigo em dólar, a apreciação do real frente à moeda
norte-americana ajudou a atenuar a alta de custos da companhia.
Para 2022, empresa estima que a pressão de custos será ainda
maior do que em 2021, portanto não é possível prever se eventuais
ganhos de produtividade serão suficientes para melhorar a relação
despesa/receita líquida. Em uma projeção conservadora, a companhia
espera manter o patamar das expectativas para 2021.
VISÃO DO MERCADO
Bradesco BBI
Bradesco BBI comentou que os resultados dos lucros podem ser
vistos pelo mercado como levemente negativos, principalmente porque
o Ebitda ajustado ficou 9% abaixo do consenso. A pressão dos custos
é mais forte do que o esperado, embora a M. Dias tenha revertido
parte das perdas de participação de mercado apresentadas nos
trimestres anteriores tanto para massas quanto para biscoitos no
Brasil, que havia sido uma das principais preocupações dos
investidores.
Bradesco BBI tem recomendação de compra com preço-alvo de R$
40,00…
taú BBA
A M. Dias reportou Ebitda ajustado 6% abaixo da estimativa do
Itaú BBA e 7% abaixo da previsão de consenso de mercado. Segundo
analistas, a surpresa negativa foi impulsionada principalmente por
outro trimestre de compressão de margem, já que os custos subiram
mais rápido que os preços.
Por outro lado, os volumes da empresa superaram as estimativas,
levando a ganhos de market share. Os recentes aumentos no preço do
trigo e o fluxo de notícias sobre as tensões geopolíticas são
provavelmente os principais impulsionadores do preço das ações.
Itaú BBA mantém recomendação market perform com
preço-alvo de R$ 27,00…
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão, Reuters
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