Light pretende entregar plano de restruturação da dívida de R$ 11 bilhões antes do prazo
May 15 2023 - 1:43PM
Newspaper
Após a Justiça aceitar pedido de recuperação judicial (RJ) da
Light S.A., holding do grupo, Octavio Lopes, CEO da companhia,
aproveitou a teleconferência de resultados do primeiro trimestre de
2023 (1T23) para falar dos próximos passos. Um deles é de entregar
o plano de restruturação da dívida de R$ 11 bilhões antes do prazo
– portanto, menos de 60 dias, pelo período legal.
O executivo revelou que semanas antes entrar com o pedido de RJ,
a empresa tentou uma solução junto aos credores, mas não teve
resultado. “Nosso entendimento, uma solução via mediação judicial
seria viável e menos custosa para a companhia. No entanto, ao
iniciarmos esse processo um mês atrás, nos deparamos com um pequeno
grupo de credores que não quiseram aderir à mediação. Ao contrário,
eles tinham a intenção de refutar esse processo, podendo levar ao
caos a distribuição de energia no Rio de Janeiro”, disse.
Diálogos
Ainda segundo o CEO da Light (BOV:LIGT3), “apesar da
agressividade de pequeno grupo de credores, nós iniciamos conversa
construtivas com parcela relevante de credores e acreditamos que é
possível apresentar uma proposta para restruturação da dívida num
breve espaço de tempo, inferior ao prazo legal”.
Realizada a etapa de desenvolvimento do plano de reestruturação,
a companhia pretende intensificar o diálogo com o poder concedente
e o regulador, para buscar antecipação da concessão, que termina
oficialmente em 2026.
“Agora em maio nós vamos nos manifestar de maneira não
vinculativa no nosso interesse em renovar a concessão, e o poder
concedente tem 18 meses dessa manifestação para avaliar as
condições. O que nós buscamos dentro dos 18 meses é a renovação da
concessão”, disse.
Perdas não técnicas são o grande gargalo
Apresentadas com recorrência nas teleconferências da Light, as
chamadas perdas não técnicas são ocasionadas por problemas na
medição, ligações clandestinas na rede de distribuição e
adulteração de medidores.
Eduardo Gotilla, CFO da Light, disse na teleconferência que,
embora as perdas não técnicas tenham se mantido em patamares
razoavelmente estáveis, o mercado de referência tem se deteriorado
consistentemente há quase 10 anos, não tendo, inclusive, alcançado
os volumes verificados antes da pandemia.
Rombo no Ebitda
“O indicador de perdas não técnicas sobre mercado de referência
tem crescido ano após ano, apesar de todos os esforços que a Light
faz no combate as perdas. No fim de março, a distribuidora estava
cerca de 22 pontos pecentuais (p.p.) acima do repasse de perdas
definido pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Essa
diferença da perda real e da perda regulatória equivale impacto no
Ebitda de aproximadamente R$ 522 milhões” disse o CFO.
A busca da estabilização financeira da distribuidora passa
essencialmente por uma solução nessa questão. “Quando a gente olha
a questão da Light, a gente tem dois desequilíbrios. Um é dentro do
parâmetro atual de repasse das perdas. A gente acredita que tem um
desequilíbrio de como a fórmula foi aplicada na nossa revisão
tarifária ano passado. E a gente tem um pedido de revisão
extraordinária que é público para endereçar isso”, explicou Octávio
Lopes.
“O segundo é que tem uma participação das áreas de restrição
operacional muito significativa no mercado total de energia,
demandando um tratamento diferenciado, pensando no próximo ciclo da
concessão”, completou o CEO.
Empresa descarta vender geração
Com problema de recuperação judicial centrado na subsidiária de
distribuição da holding Light S.A., Lopes comentou que no processo
de restruturação “a gente coloca tudo na mesa”. Mas disse que o
grupo não tem interesse em se desfazer da parte de geração para
pagar as dívidas da distribuidora.
“Não acreditamos que necessariamente é a melhor solução do grupo
vender a geração”, comentou.
Na teleconferência, Octavio Lopes disse a recuperação judicial
da holding foi a alternativa encontrada capaz de preservar a
capacidade financeira das empresas e garantir a normalidade das
operações das concessões.
Continuidade da operação
“A recuperação judicial permite que a distribuidora e a geradora
permaneçam adimplentes de suas obrigações fiscais, interssetoriais
e pagamentos de todas as despesas para continuidade da concessão,
incluindo colaboradores, fornecedores e prestadores de serviço”,
destacou.
O executivo acrescentou ainda que “a Light permanece em total
normalidade operacional, independente da RJ da Light S.A.,
preservando o setor elétrico e garantindo a manutenção a qualidade
do serviço que prestamos a 11 milhões de consumidores”.
Ele, por fim, não vê nenhuma razão para se ter uma intervenção
da Aneel no processo, “dado que a RJ não é da distribuidora, mas da
holding”. E comentou ainda que “ao contrário de todas as
restruturações que ocorreram nas empresas de energia no passado, em
que companhias chegaram num total stress operacional, a Light é uma
companhia que funciona em quadro de total normalidade, que é o que
interesse para o regulador”.
Informações infomoney
LIGHT ON (BOV:LIGT3)
Historical Stock Chart
From Mar 2024 to Apr 2024
LIGHT ON (BOV:LIGT3)
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