J&F recusou proposta de R$ 4 bi pela Alpargatas
July 27 2017 - 9:18AM
Newspaper
Ao vender o controle
da Alpargatas (BOV:ALPA4) para
o grupo de investidores formado por
Cambuhy, Itaúsa (BOV:ITSA4) e
Brasil Warrant por
R$ 3,5 bilhões, a J&F Investimentos deixou na mesa
uma proposta 15%, ou R$ 500 milhões, mais alta. Outro consórcio –
formado pela consultoria Visagio e pelas gestoras de recursos
cariocas Squadra e Var Capital – ofereceu R$ 4 bilhões pela
companhia.
Em 11 de julho, uma terça-feira, Joesley
Batista recebeu para um jantar em sua casa
representantes desse outro grupo de investidores, liderado pela
Squadra. Eles saíram de lá com a certeza de que Joesley tinha se
interessado pelo que ouviu, pois foram convidados a iniciar a
auditoria na empresa. Em vez disso, souberam, no dia seguinte, pela
imprensa sobre a venda para o grupo concorrente.Segundo fontes que
acompanharam a venda da Alpargatas, processo iniciado por causa dos
desdobramentos das delações dos controladores da J&F, houve
várias propostas pela empresa. Apesar de as cifras oferecidas terem
sido diferentes, o negócio sairia, no fim das contas, por valores
próximos ou até inferiores a R$ 3,5 bilhões, em função das
condições impostas pelos interessados.
Essas condições incluiriam o cumprimento de metas de negócio
pela Alpargatas, mais tempo para uma auditoria na empresa e também
mecanismos de proteção referentes ao acordo de leniência firmado
pela J&F com
o Ministério Público Federal. O objetivo era
evitar que revelações dos irmãos Batista pudessem respingar de
alguma forma na Alpargatas. Entre as preocupações estava o fato de
que a J&F havia comprado o controle da dona da Havaianas, no
fim de 2015, da Camargo Corrêa – envolvida na Lava Jato – com um
empréstimo em condições favoráveis concedido
pela Caixa Econômica Federal.
O Cambuhy – veículo de investimento da família Moreira Salles –
havia olhado o ativo em novembro de 2015 e, por isso, tinha mais
conhecimento sobre a empresa do que os grupos que começaram a
analisar o negócio mais recentemente. Já as gestoras cariocas
teriam pedido 15 dias extras para examinar os números da empresa. A
Squadra confirmou a negociação e a proposta, formulada após seis
executivos terem dedicado quatro semanas à análise da empresa.
A ideia era captar um novo fundo de investimentos, de R$ 4
bilhões, que já estava com dinheiro comprometido por dez
investidores. O sócio-fundador da Squadra, Guilherme Aché, disse
que a Alpargatas é um negócio que poderia ter um resultado melhor,
pois é dono de uma marca reconhecida internacionalmente. No
entanto, a empresa tem margem de lucro inferior à de concorrentes
como Grendene (dona de Rider e Ipanema)
e Vulcabrás (Azaleia e Olympikus). O
objetivo de Aché e seus associados seria levar uma cultura de
“dono” e repetir na empresa o modelo de gestão implementado
pelo trio de investidores na Imaginarium, varejista de artigos de
decoração e presentes.
Experiência
A Var Capital é uma administradora de recursos criada por Luis
Moura depois que ele deixou a 3G Capital, onde atuou até 2011. A
Visagio é uma consultoria de gestão que nasceu em 2003 no parque
tecnológico da Coppe/UFRJ. A Squadra foi fundada em 2008 por
ex-executivos de Pactual, Dynamo e JGP.
Em 2011, a gestora apontou o uso da contabilidade criativa que
dificultava o entendimento dos balanços de companhias que faziam
aquisições a toque de caixa. Nos últimos dois anos, trabalhou por
mudanças nos conselhos da BR Malls (de shopping centers) e da CVC
(operadora de turismo) para revistar a política de remuneração
dessas empresas. A Squadra administra R$ 5,5 bilhões e investe em
Equatorial Energia, Ultrapar, Bradesco e B3. Procurada, a J&F
não comentou o assunto.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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