A Track&Field, no dia 02 de setembro, inaugura no Shopping
Iguatemi, em São Paulo, a sua Experience Store, uma loja conceito
que deve unir as principais experiências offline e online da
varejista de moda esportiva, em uma espécie de laboratório para
depois estender as ideias bem-sucedidas para as suas 268 lojas
espalhadas por 117 cidades de 25 estados brasileiros.
No espaço de 230 metros quadrados, além das apostas na
“omnicanalidade”, em um minimercado com itens saudáveis e no
primeiro café da marca, a Track&Field (BOV:TFCO4) está criando
a figura do concierge, inspirado nos serviços de hotelaria. O
profissional vai ajudar o consumidor de forma personalizada, desde
a escolha dos produtos, passando pela melhor forma de receber as
compras, enviar presentes, se inscrever em eventos e se conectar
com treinadores.
Pode parecer um detalhe insignificante – em especial, neste
momento, em que as experiências estão cada vez mais digitais. Mas,
para a Track&Field, o concierge pode ser fundamental para
apresentar aos seus clientes uma peça estratégica da companhia: a
plataforma TFSports.
Com 227 mil usuários, sendo 500 deles personal trainers, o
TFSports se transformou em um dos “brinquedinhos prediletos” de
Fred Wagner, fundador da Track&Field, que voltou assumiu a
posição de CEO em julho deste ano.
“A plataforma, ao lado do social selling, é
prioridade aqui. Tanto que é uma unidade de negócios separada”, diz
Wagner, em entrevista ao NeoFeed. “Assim, pode
ter agilidade para testar, falhar, arrumar de forma rápida e
inovar.”
O teste principal da TFSports, uma “startup” dentro da
Track&Field, acontece em algumas cidades do Nordeste, onde
alguns personal trainers selecionados, além de oferecer aulas
online ou presenciais através da plataforma, estão também começando
a vender os produtos da rede varejista aos seus alunos.
Os treinadores usam a plataforma para montar um carrinho de
compras e enviar aos seus alunos o link via WhatsApp. Se a compra
for feita, esses profissionais são comissionados pelos produtos
vendidos. Os personal trainers podem também comprar os produtos de
alguma loja e revendê-los com alguma margem.
O projeto-piloto, que deve se desenrolar até o fim do ano, será
fundamental para que a Track&Field leve essa estratégia para
todo o País a partir de 2022. “Estamos acertando a parte de
sistemas, o mix de produtos e as modalidades esportivas”, afirma
Wagner. Hoje, os treinadores vendem produtos da modalidade yoga e
beach tennis. Em breve, estarão disponíveis itens de corridas.
Wagner evita dar estimativas sobre o potencial de vendas dessa
nova modalidade. E acrescenta que o grande objetivo é apoiar os
treinadores – tanto que eles podem usar a plataforma para dar aulas
e captar consumidores sem que a Track&Field cobre uma comissão
por essa intermediação.
A Track&Field permite pagamentos e conta com uma carteira
digital na plataforma, mas diz que só cobra a taxa de adquirência e
de antecipação, pois a transação é feita via cartão de crédito, mas
os treinadores recebem à vista. Questionado se pretende virar uma
fintech, Wagner sorri e diz que não.
Durante a pandemia, os personal trainers usaram a plataforma
para se conectar com alunos e dar aulas onlines, uma ajuda
providencial para ganhar uma renda extra em um momento que as
academias fecharam. Desde março do ano passado, mais de 120 mil
pessoas se inscreveram em algumas das aulas.
Ao atrair os treinadores – e não cobrar nada deles –, o objetivo
da Track&Field é criar ao redor da marca uma comunidade fiel,
capaz de gerar conteúdos e se engajar com a empresa.
Não se trata exatamente de uma estratégia inovadora. A Nike
investe em diversos aplicativos, de corrida a treinamentos, para
engajar seus consumidores com a marca há muito tempo.
A Peloton inclui em suas bicicletas
tecnológicas um plano de serviços de aulas online.
No ano passado, a marca de roupas de ginástica
canadense Lululemon pagou US$ 500 milhões
pela startup Mirror, que desenvolve um espelho que “dá” aulas de
ginástica por streaming.
“Esse é o modelo de varejo que migra para recorrência, serviços
e assinatura”, diz Alberto Serrentino, sócio da consultoria
especializada em varejo Varese Retail. “Isso pode ser tornar uma
alavanca de crescimento e expansão de negócios.”
Para Serrentino, a Track&Field tem uma marca forte, uma base
grande de clientes fiéis e boa presença nacional. “Ela tem
capacidade de geração de conteúdo e valor aspiracional”, diz. “É
uma marca de lifestyle que pode transbordar para o
universo de serviço.”
O que diferencia a Track&Field desses exemplos
internacionais é que, à primeira vista, Wagner não quer criar um
marketplace em que cobrará uma comissão para as aulas intermediadas
na plataforma.
O objetivo é conquistar os treinadores com a plataforma,
ajudando-os a ganhar dinheiro, ao mesmo tempo que eles podem se
transformar em uma força de vendas diretas, ao estilo das
revendedoras de Natura ou de Avon.
“É óbvio que, no fim, o objetivo é vender, mas estamos
‘empoderando’ o treinador dentro dessa jornada e investindo em
conteúdo”, afirma Wagner. Tanto que o empresário já pensa em outros
serviços e cita meditação e nutrição como conteúdos que podem estar
na plataforma. No fim, tudo que estiver ligado a saúde e bem estar
poderá fazer do “cardápio” da TFSports.
A “ominicalidade” da Track&Field joga a favor dessa
estratégia. Ao transformar o personal trainer em um revendedor, a
empresa manteve as compras através de uma loja física, que também
recebe pela venda, em uma estratégia para não fazer um gol contra
esse importante canal de venda.
Das 268 lojas da Track&Field, mais de 200 delas podem
entregar produtos em compras que foram realizadas pelo site. “Quem
fatura no e-commerce é o ponto mais próximo de onde o produto está
disponível”, afirma Wagner.
Atualmente, as vendas online representam apenas 6%. Mas
o social selling, como as vendas pelo WhatsApp, outra
prioridade de Wagner, atingiu um patamar de 30% no segundo
trimestre deste ano. “Temos uma preocupação grande de testar novas
formas de fazer o social selling”, diz o empresário.
“Todo dia surge uma ferramenta nova.”
Esse movimento acontece em um momento em que a Track&Field
surge como uma das beneficiadas da pandemia, em que as roupas
confortáveis ganharam espaço no guarda-roupa de todos os tipos de
consumidores.
A americana Nike, por exemplo, teve o melhor
resultado trimestral de seus 50 anos de história em julho, por
conta dessa tendência. As ações da companhia estão sendo negociadas
a patamares recordes e o valor de mercado está na casa dos US$ 260
bilhões.
O resultado da Track&Field também demonstra uma rápida
recuperação, com vendas bem acima de patamares de antes da
pandemia. No segundo trimestre de 2021, as vendas atingiram R$
176,7 milhões, alta de 338% sobre o mesmo período do ano passado.
Em comparação há dois anos, o aumento foi de 84%.
Mesmo assim, surgiram rumores de que a Track&Field estava à
venda e de que a Centauro seria uma candidata para comprá-la.
“Conheço o Pedro (Zemel, CEO do grupo SBF, dono da Centauro) já
muito tempo. Não faz nenhum sentido. Nunca teve conversas”, afirma
Wagner.
Desde o IPO, quando captou R$ 492 milhões, os papéis da
Track&Field já se valorizaram 50%. Na B3, ela vale R$ 2,1
bilhões.
Informações Neofeed
Track & Field PN (BOV:TFCO4)
Historical Stock Chart
From Apr 2024 to May 2024
Track & Field PN (BOV:TFCO4)
Historical Stock Chart
From May 2023 to May 2024