O negócio prevê a compra de 100% da Rede pela Ser, sendo R$ 1,7
bilhão em dinheiro, mais R$ 623 milhões em dívidas a serem
recebidos pelo vendedor e a entrega de 44% das ações ordinárias
nominativas da Ser, o que daria um valor estimado de R$ 4
bilhões.
O controlador Janguiê Diniz deterá 32,1% do capital da Ser e
continuará a ser o acionista controlador. Isso porque o direito de
voto da Laureate equivalerá a apenas 7,5% do capital da Ser. A
operação prevê ainda a emissão de ADRs nos Estados Unidos.
As companhias estimam que a transação deve ser concluída até o
final de 2021.
A Laureate é dona de universidades como Anhembi Morumbi e FMU
(em São Paulo), IBMR (no Rio) e UNIFACS (em Salvador), e adicionará
265 mil alunos à operação da Ser, que passará a ser o quarto grupo
de ensino superior do País, com cerca de 450 mil alunos no ensino
presencial e à distância, mais de 100 campi e
mais de 500 polos de EAD.
A estrutura da operação sugere que a Laureate será um investidor
passivo na companhia, e que eventualmente sua posíção na Ser será
vendida ou distribuída a seus acionistas.
A Laureate teve um EBITDA de cerca de R$ 400 milhões no Brasil
nos últimos 12 meses, comparado a R$ 320 milhões da Ser no mesmo
período.
O acordo vem meses depois da Laureate colocar seus ativos no
Brasil à venda, e em meio a um desmanche global da companhia
americana.
Em janeiro, o board da Laureate autorizou a empresa a explorar
alternativas estratégicas para cada um de seus negócios, incluindo
vendas, cisões ou combinações de negócios. A Laureate já iniciou
oiu concluiu processos para vender seus negócios no Peru, México e
Austrália / Nova Zelândia.
Na sexta-feira, a companhia anunciou a venda de sua operação no
Chile e de uma universidade nos EUA — a Walden University, vendida
por US$ 1,48 bi à Adtalem.
Bank of America assessorou a Ser, que recebeu aconselhamento
jurídico do Milbank LLP e Pinheiro Neto. Goldman Sachs
assessorou a Laureate. Veirano Advogados, Demarest Advogados,
Campos Mello Advogados, Simpson Thacher & Bartlett LLP e Jones
Day assessoraram a companhia.
Visão do mercado
Morgan Stanley
Segundo o Morgan Stanley, a Ser está pagando 10 vezes o EV
(Valor de mercado)/Ebitda de 2020, um pouco acima da estimativa do
banco, que era de R$ 3,6 bilhões ou 9 vezes. No entanto, o valor é
quase metade do que era considerado razoável antes do Covid (US$
1,3 bilhões).
Em relatório, o banco disse que o negócio é ousado e
potencialmente transformador para a Ser, que pode se tornar um
player nacional relevante, com marcas fortes nas diferentes regiões
do país. “Em nossa visão, o acordo pode ativar restrições do Cade
nas cidades de Natal e João Pessoa, mas nada que possa impedir o
negócio.”
O banco acredita que a Ser pode elevar as margens Ebitda da
Laureate de 15% a 18% para 25% a 30% em poucos anos. Além disso, o
Morgan crê que o acordo pode ser fechado em 8 a 14 meses.
Fonte Valor, Brazil journal e Infomoney