Embraer exibe cargueiro KC-390 na Feira de Paris
June 19 2019 - 8:59AM
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As incertezas sobre o futuro da Embraer
(BOV:EMBR3) após a compra de 80% da área comercial pela
Boeing não são poucas. A transação deve se concretizar até o fim do
ano. Num contexto de desconfiança em relação à fabricante americana
e guerra comercial entre Estados Unidos e China, a empresa
brasileira focou a sua participação no Paris Air Show, o maior
salão aeronáutico do mundo, nos seus carros-chefes de defesa e
jatos comerciais de médio porte, além de jatinhos.
A feira é a primeira participação da Embraer em um evento
internacional depois da transação com a Boeing. Além disso, o salão
também é um marco importante nos festejos dos 50 anos da
fabricante.
Para comemorar, a indústria brasileira levou ao Bourget o
cargueiro KC-390, a maior aeronave já fabricada no Brasil. O
primeiro de uma série de 28 aviões encomendados pela FAB deve ser
oficialmente entregue ao retornar ao país, nas próximas semanas,
numa compra estimada em R$ 7,2 bilhões. Trata-se da aeronave mais
tecnológica já elaborada pela marca.
“A produção está em dia. Na linha de montagem, já temos até o
FAB número 7, em diferentes estágios”, explica Valter Pinto Junior,
vice-presidente dos programas de Defesa e Segurança da Embraer.
“Nesse ano, teremos mais uma para ser entregue além dessa, e o
contrato são 28 aeronaves até 2026. A forma e a cadência que iremos
entregar por ano é uma informação confidencial do governo
brasileiro, que envolve questões estratégicas de como ele está se
emparelhando.”
Os KC-390 poderão transportar cargas e veículos militares, como
um tanque médio, levar até 80 soldados ou 66 paraquedistas,
realizar operações humanitárias ou de salvamento, além de poder
abastecer caças no ar. O setor representa um filão apetitoso para a
fabricante: aos poucos, os 2,5 mil antigos C-130 Hercules da FAB
serão substituídos por novos cargueiros. Com a vitrine do salão de
Paris, a Embraer espera emplacar novos contratos mundo afora,
embora tenha preferido manter sigilo sobre potencias
compradores.
“O produto levantou a barra e trouxe um novo patamar para a
indústria, não só para a Força Aérea Brasileira (FAB), mas também
para todo o mercado. É um produto que trouxe tecnologias que, para
essa categoria, você não encontra”, argumenta Pinto Junior. “As
últimas aeronaves que foram desenvolvidas para a categoria de
transporte médio militar são plataformas antigas.”
Turbulências na Boeing
O novo jato executivo Praetor 600 e jato comercial E195-E2 são
as outras duas apostas de contratos da Embraer no salão, marcado
por fortes pressões sobre a Boeing, que não perdeu oportunidades de
se desculpar pelas duas recentes catástrofes envolvendo seus 737
MAX. A companhia americana enfrenta turbulências pela suspensão do
modelo em vários países, inclusive nos Estados Unidos. A guerra
comercial entre os americanos e os chineses não colabora para
melhorar a situação – a China é o maior mercado de jatos comerciais
da Embraer.
A área de defesa não foi incluída na joint venture com a Boeing,
à exceção justamente do KC-390. A fabricante brasileira espera que,
apesar da atual crise de confiança na marca americana, a influência
e a tradição da Boeing poderão ajudá-la a conquistar novos clientes
em países onde a construtora de São José dos Campos é menos
conhecida.
“As discussões continuam em andamento e a transação ainda não
aconteceu. Ela está na fase de planejamento, sujeita à aprovação de
órgãos reguladores e esperamos que acontecerá no final do ano. Até
lá, não existe nenhum trabalho em conjunto das duas empresas”,
ressalta Pinto Junior.
RFI
O Paris Air Show se encerra domingo (23).
*Jornalista da RFI
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