Oi despenca quase 18% e é negociada abaixo de R$ 1; entenda os motivos
August 16 2019 - 2:02PM
Newspaper
Investing.com – As ações da Oi
(BOV:OIBR3) estão em seu segundo dia de perdas de dois
dígitos. Um dia após despencar 17,93% a R$ 1,19, os papéis da
empresa de telecomunicações chegaram a ser negociados com outro
tombo de quase 18% após especulações de que a Anatel – agência
reguladora das telecomunicações do país – possa intervir na
companhia após o balanço do segundo trimestre apontar um prejuízo
bilionário e queima de caixa.
As especulações foram divulgadas na edição desta sexta-feira do
jornal O Estado de S.Paulo. As ações da Oi
(BOV:OIBR4) diminuíram as perdas às 12:17 e são negociadas
a R$ 1,02, baixa de 14,29%. Os papéis despencam mesmo com a Anatel
negando planos de intervenção na empresa e a declaração do
presidente Jair Bolsonaro de que o governo “vai honrar contratos da
Oi” após ser perguntado sobre a situação da empresa.
Entenda a situação
A empresa teve prejuízo trimestral de R$ 1,559 bilhão, em
comparação a um prejuízo de R$ 1,258 bilhão no mesmo período do ano
anterior. Analistas esperavam, em média, um prejuízo líquido de R$
437 milhões, segundo dados Refinitiv.
A Oi, que entrou com pedido de recuperação judicial em junho de
2016 para reestruturar aproximadamente 65 bilhões de reais de
dívida, registrou receita líquida de 5,091 bilhões de reais, queda
de 8,2% em relação ao ano anterior. A dívida líquida da Oi no final
de junho atingiu 12,6 bilhões de reais, 25,5% acima do ano
anterior.
Os números acima trouxe preocupação a Anatel sobre a viabilidade
do futuro da Oi. Segundo O Estado de S.Paulo, autoridades do
governo Jair Bolsonaro foram alertadas esta semana de que, caso a
empresa não reverta os resultados negativos, a agência reguladora
pode intervir na companhia. O objetivo da intervenção seria evitar
que regiões do país fique sem serviços de telefonia fixa prestados
pela operadora.
A entrada da Anatel na Oi visa a retirada da concessão que
permite a empresa oferecer telefonia fixa em todos os Estados do
país, exceto São Paulo. O maior problema da Oi, na visão da Anatel
de acordo com o jornal, é a queima de caixa, mesmo após a injeção
de R$ 4 bilhões de seus acionistas.
De um caixa confortável de R$ 7,5 bilhões após a injeção de
capital, considerado confortável por técnicos da agência
reguladora, foram retirados R$ 3,2 bilhões para custear operações,
pagar salários e realizar investimentos, um nível de gastos que
projeta temores sobre a viabilidade da empresa de se manter nos
próximos anos para Anatel.
Com o dinheiro cessando, a Anatel teme que a Oi não consiga
bancar sua operação e provoque um apagão na telefonia fixa no país.
A intervenção seria para evitar esse risco e uma eventual
intervenção do governo federal, cuja operação não é bem-vista pela
equipe econômica dado o quadro fiscal restritivo.
O plano da Oi
Executivos da Oi devem ser chamados em Brasília para falar
sobre como planejam manter a empresa de pé, segundo o jornal.
Ontem, os executivos abordaram os planos da companhia para os
próximos em conferência com investidores.
A empresa visa aumentar os recursos disponíveis com venda de
ativos. O diretor financeiro Carlos Brandão afirmou que espera
anunciar a venda da operadora angolana Unitel até o quarto
trimestre deste ano, embora não tenha fornecido detalhes sobre o
valor que espera conseguir levantar ou com que grupos a empresa
está negociando.
Incluindo a Unitel, o valor que a Oi pretende levantar com
venda de ativos entre o final deste ano e o início de 2021 é de R$
6,5 bilhões a R$ 7,5 bilhões. Os ativos incluem ainda torres de
telecomunicação, operações de central de processamento de dados e
imóveis.
A Oi não se manifestou a respeito da possibilidade de
intervenção pela Anatel, segundo O Estado de S.Paulo.
O que diz o BTG Pactual sobre o papel
O BTG Pactual distribuiu relatório sobre a Oi a seus
clientes nesta quinta-feira, ainda sem a especulação relacionada a
possível intervenção pela Anatel. Com o resultado do segundo
trimestre em mãos, os analistas não viram grandes surpresas no
resultado da Oi, com as receitas e Ebtida seguindo
pressionados.
Mesmo com os números ruins, o banco mantém a recomendação
estratégica de compra de olho em uma eventual fusão ou aquisição. A
equipe espera que o PLC 79, que traz um marco regulatório para o
setor, avance no curto prazo. Além disso, a venda de ativos não
essenciais da companhia, como a Unitel, deve favorecer os
negócios.
A Oi chama atenção para o aumento do prejuízo. Os analistas
explicam que houve deterioração nas três linhas de negócios da
companhia, com destaque para a queda no segmento residencial, com
redução anual de 12% na base de telefonia e de 8% em banda
larga.
Em mobilidade pessoal e no B2B a piora decorre, principalmente,
da redução da tarifa interconexão. A retração no tráfego de voz e o
encolhimento da base de clientes pré-pago também pesaram neste
trimestre, levando ao decréscimo de 22% no EBITDA de rotina, frente
ao mesmo período de 2018. Soma-se a isso a maior despesa financeira
e o prejuízo foi 32% maior em um ano, chegando a R$ 1,6 bilhão.
OI ON (BOV:OIBR3)
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