O Assaí registrou lucro
líquido de R$ 406 milhões no quarto trimestre de 2022,
queda de 23% em relação ao mesmo período de 2021.
No entanto, esse resultado considera efeitos não recorrentes em
créditos tributários, especialmente no período usado como
comparação. Se desconsiderados esses efeitos, o lucro líquido teria
subido 7,3%. No ano de 2022, o lucro líquido foi de R$ 1,2 bilhão,
com queda de 24% sobre 2021. Com o mesmo ajuste do lucro
trimestral, o indicador mostraria estabilidade frente ao ano
anterior.
Os números apresentados pela companhia, porém, desconsideram um
efeito de crédito fiscal de R$ 81 milhões no lucro líquido do
exercício de 2021. Está relacionado à inconstitucionalidade da
tributação do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) sobre a taxa Selic
recebida pelo contribuinte na repetição de indébito tributário.
A receita líquida alcançou um recorde
trimestral, aos R$ 16 bilhões, o que representa um avanço de +38,1%
e um crescimento de R$ 4,4 bilhões em comparação ao 4T21.
O resultado consistente se deve, principalmente à expressiva
contribuição da expansão (+27,8%), em especial das conversões de
hipermercados, cujo desempenho está em linha com as expectativas; à
performance resiliente das vendas ‘mesmas lojas’ (+10,5%), que
confirma a alta atratividade do modelo de negócio, mesmo em um
cenário de inflação elevada que segue pressionando o poder de
compra da população; à estratégia comercial eficiente, que
proporcionou alto fluxo de clientes nas lojas e resultou em ganhos
relevantes de market share; e ao contínuo aprimoramento da
experiência de compra, com agilidade na adaptação do sortimento e
serviços.
A receita bruta da rede foi de R$ 17,4 bilhões no último
trimestre de 2022, evolução significativa de 38% frente ao mesmo
período do ano anterior. A empresa explica que a alta foi
decorrente das novas lojas e do desempenho de vendas em mesmas
lojas (conceito que considera apenas as lojas já abertas um ano
antes), que foi de 10,5%.
O Ebitda – lucro antes de juros,
impostos, depreciação e amortização – ajustado da companhia
foi de R$ 1,2 bilhão, alta de 28,6% frente ao ano passado. A margem
Ebitda teve leve queda de 0,6 ponto porcentual.
A empresa já havia sinalizado ao mercado que, com a compra das
lojas de hipermercado do Extra e suas reformas, esse indicador
poderia ser afetado, mas, na visão do diretor-presidente da
companhia, Belmiro Gomes, o impacto foi menor do que o
esperado.
O indicador de vendas nas mesmas lojas (SSS) do Assaí avançou
10,5% no quarto trimestre. Ao fim de dezembro, a área total de
vendas somou 1,3 milhão de metros quadrados, acima dos 964 mil
metros quadrados registrados no ano anterior.
O resultado financeiro líquido pós-IFRS16 atingiu R$ 445
milhões, 2,8% da receita líquida. Excluindo o efeito dos juros
sobre passivo de arrendamento, a despesa financeira líquida foi de
R$ 269 milhões, o equivalente a 1,7% das vendas, patamar similar ao
4T21.
As despesas com vendas, gerais e administrativas foram
equivalentes a 10,0% da receita líquida no trimestre e refletem,
principalmente, os efeitos das despesas pré-operacionais referentes
ao projeto de expansão, com a abertura histórica de 37 lojas no
período.
O lucro bruto trimestral atingiu R$ 2,7 bilhões, com margem de
17,2%, estável em relação ao 4T21. O resultado foi impulsionado,
principalmente, pela excelente dinâmica comercial e o desempenho
inicial das conversões em rápida maturação. Os consistentes
ganhos de market share no período nas visões total e ‘mesmas lojas’
mais uma vez reforçam a eficiência operacional e a consistência do
modelo de negócios do Assaí, que através de investimentos na
modernização de seu parque de lojas, segue oferecendo uma contínua
melhoria na experiência de compras e conquistando novos
clientes.
A companhia realizou 60 inaugurações, sendo 13
orgânicas e 47 conversões dos pontos comerciais de hipermercados,
superando o guidance inicial de 52 novas lojas para o período.
Consolidamos um novo recorde de expansão não apenas para o Assaí,
mas para o setor nacional de varejo e atacado de alimentos.
Encerramos o ano com 263 unidades em operação, distribuídas em 23
estados e no Distrito Federal, que totalizam uma área de vendas
superior a 1,3 milhão de metros quadrados, um crescimento de 36% em
relação a 2021. Além da expansão, os investimentos do período foram
destinados ao aprimoramento da experiência de compra, com a
melhoria do sortimento de produtos (como as Adegas) e a implantação
de serviços (Empórios de frios e Açougues, por exemplo), nos
permitindo conquistar novos clientes e gerar vendas
incrementais.
Os investimentos no 4T22 totalizaram R$ 1,3 bilhão, crescimento
de 58% em comparação ao 4T21. O crescimento é explicado pelo avanço
histórico da expansão, com 37 lojas inauguradas no trimestre, bem
como as demais em obras que serão inauguradas ao longo de 2023.
A Companhia encerrou o trimestre com uma relação dívida
líquida/EBITDA Ajustado de 2,19x. O nível de alavancagem está
dentro das expectativas diante do intenso investimento na expansão,
decorrente da aquisição dos pontos comerciais de hipermercado, das
60 novas lojas inauguradas ao longo de 2022 e da continuidade do
projeto de conversões, com aproximadamente 20 conversões ao longo
de 2023.
“O custo de carregamento da dívida pressiona o lucro líquido,
uma vez que a companhia está alavancada. Em 2023, vai se manter a
pressão, mas como esperamos que o endividamento caia para 1,5 vezes
o Ebitda, a pressão diminui”, afirmou Gomes. Ele destaca, porém,
que o endividamento da companhia está dentro do planejamento. Em
2022, ficou em 2,19% do Ebitda. Para 2023, a expectativa e de
terminar em 2% e, em 2024, 1,5%. Tudo isso, por meio da geração de
caixa do negócio, já que a área financeira da companhia, comandada
por Daniela Sabbag, se antecipou e alongou as dívidas ainda em
2022. Assim, não há vencimentos significativos para o ano de
2023.
Inflação
Para Gomes, o período de inflação mais controlada que se
apresenta é uma boa notícia. Apesar de alguns analistas indicarem
que isso pode fazer a receita de setor crescer mais lentamente, ele
argumenta que o público da companhia é bastante focado em preço
baixo e, no geral, por ter uma renda mais baixa, aproveita quando
os produtos ficam mais baratos para comprar aquilo que, antes, não
estava cabendo no orçamento.
“Um exemplo claro disso foi quando fizemos uma promoção que dava
vouchers de R$ 100. A maior parte dos que ganhavam não guardava
para a próxima compra, voltava para as prateleiras para comprar o
que não havia podido comprar antes”, conta. Ele aposta, portanto,
que com a queda progressiva da inflação, seu negócio será
beneficiado.
Projeções
Por meio da maturação das suas lojas novas e plano de expansão
para ampliar a sua presença nacional, a companhia tem como objetivo
alcançar receita bruta de R$ 100 bilhões em 2024.
A companhia espera inaugurar 40 novas lojas em 2023,
sendo 19 unidades resultado da conversão de Extra Hiper em Assaí e
cerca de 20 lojas orgânicas.
Comparado com o resultado do ano passado, quando a companhia
abriu 60 novas lojas, sendo 47 unidades convertidas e 13 lojas
orgânicas, esse número de novas lojas seria uma lentidão.
Os resultados do Assaí (BOV:ASAI3) referentes suas operações do
quarto trimestre de 2022 foram divulgados no dia 15/02/2023.
Confira o Press Release completo!
Teleconferência
O Assaí caminha para se tornar uma ‘corporation’, empresa de
capital pulverizado, disse o presidente do atacarejo brasileiro,
Belmiro Gomes, nesta quinta-feira, em conferência de resultado com
analistas.
O grupo francês Casino, maior acionista do Assaí, vem indicando
uma redução de sua influência na companhia, incluindo a venda de
parte de sua posição no final do ano passado.
Gomes mencionou ainda uma recente alteração em política de
partes relacionadas e futuras mudanças no conselho de administração
como medidas que colocam o Assaí na rota para se tornar uma
‘corporation’.
O executivo também disse que um potencial cenário de taxas de
juros mais altas por mais tempo não muda a perspectiva da empresa
para 2023, ano no qual projeta Ebitda semelhante ao de 2022.
“Queremos manter capital de giro com folga, para continuar
expandindo, mas também conseguir bons preços para os consumidores,
o que é possível por conta da nova posição”, explicou o executivo
do Assaí.
De acordo com o executivo, o Assaí espera melhorar vendas com as
novas lojas mas de olho nas margens. “É esperado que as margens
melhorem, por conta da localização das unidades de lojas Extras que
estão se transformando em lojas atacarejo, historicamente em
regiões mais ricas. Mas há, também, a questão de que temos outras
unidades em várias dessas regiões e não podemos reduzir muito as
margens para buscar maiores vendas, pois podemos impactar outras
unidades”, explicou.
“2022 é um ano em que vamos buscar crescimento e nós da
convicção de que conseguiremos melhorar nossos índices dentro do
que prometemos ao mercado”, disse. Executivo do Assaí falou que
múltiplo de alavancagem deve chegar a 2x até o final do ano e 1,4
em 2024. Relação entre dívida (crescente por conta dos gastos com a
transformação do Extra) e Ebitda deve melhorar conforme mais lojas
forem abertas.
Wlamir dos Anjos, diretor comercial do Assaí (ASAI3), afirmou há
pouco, durante teleconferência com analistas, que, em relação ao
capital de giro, a empresa teve um aumento significativo, fruto de
negociações com fornecedores e foco na expansão. “Isso permitiu
aumentar um pouco o Capex, em meio ao momento em que estamos”,
disse o executivo.
VISÃO DO MERCADO
Bradesco BBI
O Bradesco BBI analisou os resultados do 4T22 do Assaí e
menciona maturação rápida de novas lojas convertidas, o que
confirma a sólida execução da estratégia inorgânica. Além disso, a
margem bruta estável em relação ao ano anterior mostrou a postura
agressiva do Assaí na reabertura para recuperar a participação de
mercado perdida para outros players de hipermercados, relata o
banco.
Bradesco BBI tem recomendação de compra com preço-alvo
de R$ 25,00…
Citi
Os resultados do Assaí no quarto trimestre vieram dentro do
esperado, apresentando boa dinâmica de receitas, em especial
crescimento nas vendas mesmas lojas, diz o Citi.
Os analistas João Pedro Soares e Felipe Reboredo escrevem que um
dos destaques foi a margem bruta de 17,2%, acima das estimativas,
mostrando a habilidade da direção em navegar o cenário atual de
incertezas.
A preocupação do banco continua sendo com a alavancagem do
Assaí, mantendo-se acima de duas vezes a dívida líquida sobre o
Ebitda, o que deve continuar a pressionar a empresa, uma vez que as
taxas de juros vão se manter elevados.
Citi mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$
24,00…
Credit Suisse
O Assaí superou o ambiente macroeconômico desafiador e reportou
resultados robustos no quarto trimestre de 2022, observando robusta
geração de caixa operacional, diluição da margem Ebitda abaixo do
esperado após a abertura de 60 lojas e melhorias de capital de
giro, diz o Credit Suisse, em relatório.
“Por outro lado, apesar da excelência operacional do Assaí,
também reconhecemos que os lucros da empresa foram inflados por
juros capitalizados, que representaram cerca de 63% do lucro
líquido de 20222, que pesarão nos lucros do 2023”, escrevem as
analistas Marcella Recchia, e Fernanda Sayão.
Segundo elas, o Assaí teve crescimento de vendas um pouco abaixo
da projeção, refletindo atrasos de última hora nas conversões e
sinais iniciais de desaceleração do consumo. As analistas destacam
o crescimento de vendas mesmas lojas de 10,5% e a contribuição
forte de novas lojas, com as 47 conversões Extra Hiper juntas já
entregando um aumento de vendas.
“Assim, a rápida maturação das conversões, juntamente com a
dinâmica comercial robusta sustentaram a margem bruta estável em
base anual em 17,2% das vendas”, dizem as analistas. Porém,
despesas mais pesadas e baixas de ativos de lojas fechadas levaram
a uma contração da margem Ebitda, afirmam.
Credit Suisse tem recomendação de compra com preço-alvo de
R$ 25,00…
Morgan Stanley
Para o Goldman Sachs, o Assaí reportou resultados robustos no
quarto trimestre, em linha com as projeções em vendas, Ebitda e
lucro líquido, enquanto a margem Ebitda ajustada acima do previsto
e geração de caixa forte podem amenizar preocupações sobre a
capacidade da empresa de cumprir expectativas de lucro para
2023.
Os analistas Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini
escrevem que as vendas mesmas lojas cresceram 10,5%, acima do
Atacadão, e que as receitas das lojas convertidas em 2022 estão
superando as expectativas, colocando-as entre os melhores
desempenhos para a empresa.
Já a dívida líquida caiu para 2,2 vezes o Ebitda ajustado, uma
queda ante os 2,7 vezes e avançando em direção à meta da empresa
para chegar perto de 2 vezes no final do ano de 2023 e 1,5 vez até
o final do ano de 2024, de acordo com os analistas.
“Também estamos encorajados em ver margens brutas estáveis no
comparativo anual, o que acreditamos ser um forte indicativo da
rápida maturação de conversões de lojas Extra”, escrevem eles.
Goldman Sachs tem recomendação de compra com preço-alvo de R$
24,00…
XP
O Assaí divulgou resultados robustos e em linha com as
estimativas no quarto trimestre, com alta na receita impulsionada
pelo forte plano de expansão e vendas mesmas lojas acima dos 10% do
Atacadão, o que não acontecia desde o mesmo período de 2021, diz a
XP, em relatório.
A empresa também reforçou as expectativas com as conversões das
lojas do Extra, com as principais métricas em linha com as
expectativas e as lojas convertidas já se posicionando como líderes
em termos de vendas e fluxo de clientes, entregando aumento de
receita, escrevem os analistas Daniela Eiger, Thiago Suedt e
Gustavo Senday.
Segundo eles, olhando para a rentabilidade, a margem bruta foi
um destaque, em alta fruto da estratégia comercial assertiva e
contribuição positiva das conversões. Já a margem Ebitda foi
pressionada por despesas pré-operacionais de abertura de lojas, mas
veio acima do esperado, dizem.
XP tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 27,00
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Infomoney, Valor,
Estadão
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