Com 2,4 mil lojas, a Raia Drogasil, maior rede de farmácias do
Brasil, poderia lucrar com a vacinação contra a covid-19 pelo setor
privado. Porém, segundo o presidente da companhia, Marcilio
Pousada, ainda não é hora de se pensar nessa possibilidade – até
porque, segundo ele, não há estoque nos grandes laboratórios para
compras que não sejam feitas por governos.
As ações da Raia Drogasil são negociadas na B3 com o código
(BOV:RADL3).
“Os laboratórios não têm vacina (para a iniciativa privada). Fui
falar com a Pfizer, temos relacionamento centenário com a Janssen.
Eles vão falar com o governo, que é o agente imunizador. Primeiro é
o governo”, afirma Pousada.
Ele diz que entrar em disputa com a administração pública pode
inflacionar o preço das vacinas – o que não é do interesse de
ninguém neste momento.
Para o executivo, a vacinação poderia estar caminhando mais
rápido no Brasil caso a pandemia tivesse sido encarada com a
necessária urgência. “Deveríamos ter sido mais diligentes. Faltou
cooperação e senso de urgência. Com a vacina, a economia anda –
nisso concordo com o ministro da Economia (Paulo Guedes).”
Ele diz que o debate sobre a imunização pelo setor privado – por
clínicas particulares, por empresas fazendo campanhas para
funcionários ou pelas drogarias – deve ficar para o segundo
semestre, depois da finalização da vacinação de todos os grupos
prioritários.
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:
O que o sr. acha da proposta de compra de vacinas por empresas
privadas?
O Programa Nacional de Imunização (PNI) brasileiro é genial,
poucos países do mundo conseguem vacinar na velocidade do Brasil –
isso quando o PNI é bem organizado. Então, nós temos de apoiar o
PNI. Não acho que seja hora de empresa vacinar, temos de vacinar os
grupos prioritários, apoiar os esforços do governo. É isso o que os
empresários têm de fazer agora.
E como a RD tem feito isso?
A gente se aproximou das prefeituras, a partir de agosto do ano
passado, para ajudar os secretários municipais. Estamos
transformando nossas lojas em postos para atender a população via
sistema público na cidade de São Paulo. Quem vacina dentro do nosso
espaço é o funcionário da prefeitura. Estamos super engajados em
ajudar o governo a dar vacina, e não em sair comprando vacina.
Empresários querem comprar vacinas, mas há doses disponíveis
para a iniciativa privada?
Os laboratórios não têm vacina (para a iniciativa privada). Fui
falar com a Pfizer, temos um relacionamento centenário com a
Janssen. Eles vão falar com o governo, que é o agente imunizador.
Primeiro é o governo, depois são outras entidades. Temos de
completar os grupos prioritários.
No futuro, a Raia Drogasil pode vender vacina?
Depois que o PNI tomar a decisão, as clínicas de imunização
poderão ajudar com a vacina, tanto com vacina privada quanto
ajudando o governo (a aplicar as doses compradas pelo setor
público) – eu acho essa última opção a mais certa. Se a iniciativa
privada for comprar vacina (agora), vai inflacionar o preço. Pode
ser que no segundo semestre, depois que a vacinarmos todos os
grupos prioritários – maiores de 60 anos, comorbidades,
profissionais de saúde, da segurança pública e professores -,
possamos começar a pensar nisso.
A pandemia trouxe aprendizados para o negócio da RD?
Trouxe duas coisas definitivas: a omnicanalidade, que é deixar o
cliente escolher se vai à loja, se é atendido por telefone ou
WhatsApp. E houve também uma ressignificação do que significa a
farmácia, e isso ficou claro nos testes para covid como um hub de
saúde. Temos pessoal treinado para fazer os testes, e fizemos 7% do
total de testes de covid. Agora estamos com a campanha de vacinação
de gripe.
O plano de abrir mais de 200 lojas ao ano continua em pé?
Vamos abrir 240 lojas por ano – fizemos isso pelo quarto ano
seguido em 2020. Chegamos a 53 novos municípios, para um total de
403. O processo continua o mesmo, embora seja mais difícil e mais
custoso. Mas seguimos com o guidance (objetivo) de 240 lojas. Já
abrimos 40 no primeiro trimestre.
Qual é sua avaliação do desempenho do governo na pandemia?
O combate à pandemia não pode ser político, tem de ser técnico.
Com a excelência do Brasil em aplicar vacinas, se a gente tivesse
entrado com mais força e comprado vacina… Sabendo que iria ter esse
problema de escassez em todo o mundo, deveríamos ter sido mais
diligentes no passado. Faltou cooperação e senso de urgência. Com a
vacina, a economia anda – nisso concordo com o ministro da Economia
(Paulo Guedes). Agora temos de focar na vacina, para podermos
voltar a pensar nas reformas.
A Raia Drogasil pretende divulgar os resultados do 1T21 no
dia 11 de maio.
⇒ Confira a agenda completa
da divulgação dos resultados do 1T21
Lucro líquido de R$ 579,2 milhões em 2020, alta de 6,7% com
destaque para medicamentos isentos de prescrição médica
A Raia Drogasil registrou lucro líquido de R$
579,2 milhões, alta de 6,7% ante 2019. Já em todo 2020, os
ganhos ajustados somaram R$ 600,9 milhões, avanço de 2,3%.
O Ebitda ajustado somou R$ 1,429 bilhão de Ebitda, avanço
anual de 6,3%.
A receita bruta somou R$ 21,180 bilhões em todo o ano de 2020,
com de 15,1%.
A rede fechou o ano com 2.299 lojas, 229 a mais do que no final
de 2019. Além disso, registrou crescimento de 7,4% de vendas
nas mesmas lojas (SSS) na comparação anual.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
RAIA DROGASIL ON (BOV:RADL3)
Historical Stock Chart
From Apr 2024 to May 2024
RAIA DROGASIL ON (BOV:RADL3)
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From May 2023 to May 2024