A processadora de alimentos Marfrig registrou
lucro líquido de R$ 279,0 milhões no primeiro
trimestre deste ano, ante prejuízo de 137,0 milhões no mesmo
período do ano passado, alta de 416%.
A companhia atribuiu o resultado à sua diversificação
geográfica, estratégia de crescimento em produtos industrializados
e de maior valor agregado e à execução assertiva do plano de
eficiência operacional nas unidades da América do Sul, em meio aos
diferentes estágios da pandemia nas regiões em que atua.
Enquanto os Estados Unidos avançaram na vacinação e nos
estímulos econômicos, a América Latina reforçou as medidas
restritivas à circulação e teve os impactos negativos acentuados,
principalmente no Brasil e Argentina, que tiveram redução no volume
de abate em relação a 2020 e aumento do custo do gado, disse a
companhia, em seu relatório trimestral.
A receita líquida somou R$ 17,24 bilhões no
período, aumento de 27,7%, na mesma base de comparação.
De janeiro a março, a Marfrig comercializou 819 mil toneladas de
carnes, queda de 2,8% ante igual período do ano passado, sendo 622
mil comercializados no mercado interno (queda de 4,1%, em base
anual) e 197 mil toneladas no mercado externo (alta de 1,5% em
relação ao 1T20).
O ebitda – lucro antes de juros, impostos,
depreciação e amortização – consolidado subiu 39,7% no trimestre e
totalizou R$ 1,7 bilhão, quando comparado ao mesmo trimestre do ano
anterior.
América do Norte
Na operação da América do Norte, foram comercializadas 508 mil
toneladas, alta de 1,3% em comparação anual, enquanto na América do
Sul a Marfrig comercializou 311 mil toneladas, queda de 8,7% em
base anual.
No quesito receita líquida, a América do Norte registrou US$ 2,3
bilhões, 5,9% maior que o visto no mesmo período de 2020, enquanto
na América do Sul o valor foi de R$ 4,6 bilhões, alta de 21,4%, na
mesma base de comparação. Ao final do primeiro trimestre, a dívida
líquida da empresa ficou em US$ 3,1 bilhões, aumento de 7,5% em
comparação com o trimestre imediatamente anterior ou R$ 17,7
bilhões e aumento de 17,9% na mesma base. A alavancagem, medida
pela relação dívida líquida por ebitda, era de 1,76 vez no período,
alta/queda de 0,19 ponto percentual (pp).
Os resultados da Marfrig (BOV:MRFG3)
referentes suas operações do primeiro trimestre de 2021 foram
divulgados no dia 11/05/2021. Confira o Press Release completo!
Teleconferência
Em teleconferência, executivos da empresa brasileira também
destacaram que, no mercado brasileiro, as margens só não recuaram
mais de janeiro a março porque houve redução de abates, e também em
razão do bom fluxo de exportações.
Na América do Norte, onde controla o National Beef, quarto maior
frigorífico dos Estados Unidos, a receita líquida subiu 5,9%, para
US$ 2,3 bilhões (73% do total), o Ebitda registrou avanço de 58,4%,
para US$ 277 milhões, e a margem Ebitda chegou a 12%, 4 pontos
percentuais a mais que no primeiro trimestre do ano passado.
No primeiro trimestre, o volume total de vendas na América do
Norte atingiu 508 mil toneladas, 1,3% mais que em igual intervalo
de 2020. CEO da National Beef, Tim Klein, afirmou que as
margens tendem a continuar elevadas nos EUA nos próximos
trimestres, o que certamente ainda será fundamental para compensar
as adversidades sul-americanas.
Na América do Sul, a receita também aumentou no primeiro
trimestre — 21,4%, para R$ 4,6 bilhões —, mas o Ebitda caiu
expressivos 54,6%, para R$ 211 milhões, e a margem Ebitda diminuiu
7,7 pontos percentuais, para 4,6%.
Na teleconferência, o empresário Marcos Molina, controlador da
Marfrig, reforçou que a diferença entre os cenários na América do
Sul e na América do Norte comprova a importância da diversificação
geográfica da empresa. E que mesmo com as dificuldades no Brasil,
principalmente, a companhia reduziu sua alavancagem para níveis
historicamente baixos.
Na Argentina a situação não é muito diferente, e as melhores
notícias sul-americanas da Marfrig de janeiro a março vieram do
Uruguai — onde os abates estão em alta.
No Brasil, onde os frigoríficos já reduziram os abates em mais
de 45% para tentar conter a erosão de margens em tempos de boi caro
e demanda fraca, as exportações continuam a ser um alento.
Segundo Miguel Gularte, CEO da companhia, 64% das exportações
foram direcionadas à Ásia, com destaque para China e Hong Kong. As
exportações representaram 60% da receita líquida da Marfrig no
primeiro trimestre.
Com a América do Norte em alta e as exportações evitando quedas
maiores de margens na América do Sul, a alavancagem financeira
medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda da Marfrig caiu
para 1,76 vez em real e para 1,68 vez em dólar.
Também no front financeiro, Tang David, vice-presidente de
finanças e relações com investidores, realçou que a companhia
encerrou o primeiro trimestre com US$ 2 bilhões em caixa,
suficientes para cobrir vencimentos até 2026, e que o prazo médio
de pagamento da dívida subiu de 3,5 anos, no quarto trimestre de
2020, para 5,1 anos.
VISÃO DO MERCADO
Credit Suisse
O Credit destacou que, na América do Sul, a alta no preço do
gado no Brasil e na Argentina impactou a lucratividade
negativamente. O banco segue otimista quanto à Marfrig.
O banco avalia que o momento operacional continue forte. A
National Beef deve continuar a se beneficiar do suprimento de gado
ainda favorável nos Estados Unidos. A divisão da América do Sul
deve se beneficiar da alta das exportações, impulsionadas pela
depreciação do real. Além disso, iniciativas da gestão para ganhar
eficiência devem abrir caminho para uma empresa mais saudável.
Credit Suisse mantém recomendação de compra com preço-alvo
de R$ 26,00…
XP Investimentos
A XP destaca que, no geral, os números vieram em linha com as
expectativas dos analistas, mas ainda assim muito fortes no geral.
O Ebitda ajustado ficou 8% abaixo do que esperavam, mas ainda 40%
acima do mesmo trimestre em 2020.
O resultado foi, mais uma vez, impulsionado por um forte
desempenho nos Estados Unidos. No país, os níveis de abate ficaram
praticamente estáveis na comparação anual, ao mesmo tempo em que
o preço do gado diminui, permitindo que a Marfrig reduzisse custos
e ganhasse margem: no trimestre, a empresa registrou um aumento de
368 pontos-base na margem Ebitda da América do Norte atingindo 12%,
em linha com nossa projeção.
Já a América do Sul, por outro lado, registrou resultados mais
fracos do que o esperado, com um EBITDA ajustado de R$ 211 milhões
que ficou 20% abaixo da projeção da XP. Ainda assim, aponta a XP,
vale lembrar que a América do Sul representa pouco mais de 10% do
EBITDA consolidado do grupo; “como já falamos algumas vezes, em
função de sua diversificação geográfica, a Marfrig é uma empresa
praticamente americana”, aponta a XP.
XP Investimentos reitera recomendação de compra, com
preço-alvo de R$ 24,00 por ação.
MARFRIG ON (BOV:MRFG3)
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